Soluções para a saúde: novos atores, novo roteiro

O caminho se faz ao caminhar e os ensaios são fundamentais para chegarmos a um modelo que agrade a maioria

Um sistema de saúde conta essencialmente com três categorias de atores: a primeira, quem demanda e usa os serviços, ou seja, toda a população; a segunda, quem presta o serviço, os profissionais de saúde nos vários níveis de atenção; e a terceira, quem os paga, em última análise a população, por meio dos governos, via arrecadação de impostos e dos seguros saúde no setor privado. As três vivenciam uma crise com profunda insatisfação com o sistema.


Novas categorias vêm ganhando espaço e voz: entidades que fazem promoção da saúde e prevenção de doenças; reguladores do sistema, com presença crescente do judiciário, sindicatos, conselhos, sistemas de auditoria e agências; os gestores da assistência, nas secretarias de saúde municipais e estadual e do setor privado e os gestores do conhecimento, cuidando do ensino e da pesquisa, da educação permanente, da formação dos profissionais e da educação para saúde da população, os hospitais de ensino, as universidades e a escola de saúde pública se destacando.

As bases teóricas e regulatórias do Sistema Único de Saúde (SUS) de 1988 já não atendem a expectativa da sociedade, cada vez mais dinâmica, complexa, exigente e influenciada por novas tecnologias. O sistema é percebido como ineficiente, mal gerido e insustentável financeiramente.

Precisamos nos engajar em um debate embasado no conhecimento técnico e científico, com a participação de todos os atores. É senso comum a necessidade de mudança de paradigmas do modelo atual, repensando a sua lógica, desde o financiamento à incorporação de novas tecnologias e padrões contemporâneos de gestão. A construção do pacto social pela saúde é laboriosa mas se apresenta como alternativa quase única para avançarmos.

Os atores precisam se conhecer, trocar ideias, ouvir um ao outro, para então criarmos um novo roteiro a ser bem representado por todos. Neste propósito, o caminho se faz ao caminhar e os ensaios são fundamentais para chegarmos a um modelo que agrade a maioria. Um amplo fórum de discussão sobre as mudanças se impõe sem demora.

Os governantes estaduais e municipais podem dar o pontapé inicial participando efetivamente, mas mudanças profundas necessitarão transcender a esfera oficial, tornando-se políticas de estado, cuidadas e mantidas pela própria sociedade para sua viabilidade no longo prazo

Dr. Marcelo - Foto perfilDr. Marcelo Alcântara Holanda
marceloalcantara@xlung.net
Médico pneumologista e intensivista; professor da Universidade Federal do Ceará

Idealizador da Plataforma Xlung

Fonte: JORNAL O POVO

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