Atividades ritmadas pela alegria

Exercícios físicos e atividades lúdicas têm contribuído na evolução do tratamento e no controle da Doença Pulmonar Crônica (DPC)

Respirar é tão automático que nem percebemos a sua importância ao longo das 24 horas do dia. Mas quem tem ou já teve um comprometimento de até 70% da sua capacidade de respiração conhece bem o valor de um pulmão perfeito. São essas pessoas que, apesar da limitação respiratória, arrumam “fôlego” para encarar os mais diversos tipos de exercícios físicos e, pelo menos uma vez ao mês, tentam acertar os passos na dança ritmada pelo pulmão.

Durante as atividades, sejam físicas ou lúdicas, não há espaço para tristezas, lamentações e muito menos falta de ar. Todos buscam superar seus limites, claro que sempre supervisionados e acompanhados por uma equipe de profissionais especializados. É nesse clima que Jerze Carvalho Reis se diverte, por exemplo, com as marchinhas de Carnaval durante sessão de dança que integra o Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) do Pulmocenter, do qual participa há pouco mais de um ano.

Há pouco mais de um ano participando do Programa de Reabilitação Pulmonar, Jerze Carvalho Reis afirma que, no início, estava com cerca de 70% de sua capacidade respiratória comprometida: “Acredito que já melhorei, no mínimo, 30%” 

> Para acertar o passo e a respiração

Ainda que Jerze estivesse respirando com a ajuda de um equipamento de oxigênio, por trás da máscara carnavalesca era visível o olhar reluzente e cheio de vida. “Cheguei aqui com 70% da minha respiração comprometida. Eu era um dos casos mais críticos da turma. Hoje, acredito que já melhorei, no mínimo, 30%”, compara.

Confira vídeo sobre o Programa de Reabilitação Pulmonar da Pulmocenter

Sua meta é ir além, na verdade, deseja poder viajar a Portugal, num voo de 7 horas, sem precisar do auxílio da máquina. “Por enquanto, eu só consigo ir a Brasília, que são umas duas horas, mas eu sei que vou conseguir voar para a Europa”, diz com determinação.

O entusiasmo de Jerze tem razão de ser. Segundo a pneumologista e coordenadora do Pulmocenter, Márcia Alcântara Holanda, trabalhos científicos revelam que a Reabilitação Pulmonar (RP) tem proporcionado importantes resultados para a saúde, podendo ser constatados a partir da oitava semana de tratamento. A Reabilitação Pulmonar, explica a médica, consiste em um programa de exercícios físicos, atividades educativas e lúdicas, aplicado no tratamento e no controle da Doença Pulmonar Crônica (DPC).

Esta terapêutica inclui exercícios aeróbicos como caminhadas em esteiras e pedaladas em bicicletas, ambas ergométricas; treinamento em subidas e descidas de escada; aplicação de força em máquinas de musculação e funcionais; alongamentos e relaxamentos. Na parte lúdica, há caminhadas ao ar livre e aulas de dança promovidas ao menos uma vez por mês.

Além disso, o programa traz “práticas do uso da atenção plena, como o treinamento em técnicas de consciência corporal, com ênfase no pulmão, e mesa de conversa, em que se discute tudo sobre o que se precisa saber para se ter uma vida saudável”, acrescenta Dra. Márcia.

Essa evolução no tratamento da DPC revela exatamente o oposto do que se praticava no passado. As pessoas, com sintomas de falta de ar e cansaço, eram aconselhadas a ficar em casa e de repouso.

Bons resultados

A partir da década de 1960, começaram, então, a surgir as primeiras pesquisas revelando o contrário. Hoje, conforme a médica, qualquer pessoa com comprometimento pulmonar, mesmo os casos gravíssimos, pode e deve submeter-se a PRP. Até os que deixam a UTI por DPC agudizada podem iniciar a reabilitação.

Independentemente do diagnóstico, todos vão passar por várias etapas: avaliação da função pulmonar, análise dos gases do sangue e testes para medir a tolerância ao exercício. Por fim, um plano de atividades é traçado de forma individualizada e, pelo menos três vezes por semana, eles participam dos exercícios físicos, com duração de 45 minutos cada, sempre com monitorização do oxigênio no sangue, frequência respiratória, cardíaca, bem como a pressão arterial.

Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br

por Cristina Pioner – Repórter
Fotos: Yago Albuquerque

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